DAEV - Departamento de Águas e Esgoto de Valinhos

Técnicos e gestores trabalham há dias para encontrar soluções emergenciais para a crise hídrica que afeta todas as cidades da região de Campinas


Com o agravamento da crise hídrica e o alerta de órgãos importantes, tal como do Comitê da Bacia Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), a prefeita de Valinhos, Capitã Lucimara, anunciou na tarde desta quarta-feira, 22 de setembro de 2021, a criação do Comitê Gestor da Crise Hídrica de Valinhos. 

A decisão visa encontrar soluções de curto prazo e até alternativas intermunicipais diante à situação de grave escassez de chuvas – que atinge toda a região Sudeste – e que em Valinhos gera reflexos gravíssimos e de insuficiência da recarga dos mananciais internos, que estão com níveis muito abaixo de sua capacidade total. “A severidade da estiagem é um problema nacional e que tem afetado fortemente a nossa região. Em Valinhos temos atuado de forma transparente e praticamente diária no monitoramento e ações quanto à falta de água na cidade. É um bem precioso que não temos como produzi-lo. Obras no passado poderiam ter sido feitas para termos mais capacidade de armazenamento e até captação de água hoje. Contudo, diante a inexistência dessas, vivenciamos uma situação de crise gravíssima que já estamos enfrentando e que vamos buscar, de todas as formas, alternativas para superarmos este momento”, disse a prefeita. 

Entre essas formas está a busca de tratativa, também, com os prefeitos da região para que seja possível criar alternativas regionais. “É preciso estender as ações e compreender que todos somos cidadãos metropolitanos e que a crise não se delimita aos limites municipais. É uma situação grave que atinge toda a região e que precisa ser trata de forma intermunicipal”, complementou a prefeita Capitã Lucimara, que ontem (21) abordou este tema em reunião dos 20 prefeitos da região de Campinas.

Composto, em sua maioria, por técnicos e profissionais do Departamento de Águas e Esgotos de Valinhos (DAEV), o Comitê liderado pela prefeita Capitã Lucimara também é formado pelo vice-prefeito Major Rocco, pelo presidente da autarquia, Ivair Nunes Pereira, pela chefe de Gabinete, Claudineia Vendemiatti Serafim, pelo secretário municipal de Planejamento e Meio Ambiente, Eduardo Galasso, e pelo secretário de Assuntos Jurídicos e Institucionais, Drº Argeu Alencar da Silva. Outras pastas poderão integrar a comissão se necessário. 

Também participaram da reunião os vereadores André Amaral e Thiago Samasso. O convite para participação no comitê ainda será estendido ao Presidente da Câmara de Vereadores e aos titulares das associações Comercial e Industrial, dos Engenheiros e dos Empresários de Valinhos. 

Ainda amanhã (23) a Prefeitura de Valinhos vai publicar o decreto de estado de emergência hídrica, com a instituição do comitê. 

Situação  muito crítica

O presidente do DAEV, Ivair Nunes Pereira, explicou que os mananciais internos – que são as represas, de onde vem 38,7% da água distribuída na cidade – estão próximo do nível zero de operação. 

A Barragem das Figueiras e Moinho Velho, por exemplo, tiveram a captação suspensa nesta semana por falta de nível ao funcionamento. Essas barragens estão com apenas 5% e 2%, respectivamente, de seu volume de operação. A João Antunes dos Santos – que vinha desde o início da estiagem com 5% – também não se recuperou e hoje, está com 0%. “O único barramento que está com percentual, no momento, é o Santana dos Cuiabanos, com volume de água em 43% de sua capacidade total”, falou Pereira. 

Sem capacidade de operação em seus mananciais internos, a Estação de Tratamento de Água (ETA) 1 não tem recurso para tratar e distribuir. Desta forma, a ETA 1, no Vila Embaré, tem recebido o suporte de água pelo sistema da ETA 2, que fica no Vila Sônia e tem abastecimento pelo Rio Atibaia. “Sem as chuvas a disponibilidade hídrica do sistema que abastece a ETA 1 não permite mais a captação das vazões outorgadas. É a realidade vivemos e estamos nos esforçando ao máximo para que as regiões abastecidas pela ETA 1 possam receber água da ETA 2”, explicou o titular da autarquia.

Com a ausência ou previsão de chuvas em volume para recuperação dos mananciais internos e com capacidade muito reduzida de captação e tratamento de água, a economia de água deve ser parte fundamental na rotina de todos os valinhenses. “Reforço quanto à necessidade de não fazer uso da água tratada para lavar calçadas, veículos, quintais ou para regar as plantas. Reserve a água de enxágue, da máquina de lavar, porque ela pode ser reaproveitada nas atividades da casa. E na hora de lavar a roupa, acumule um volume considerável para que possa fazer isso sem gastar muita água. Priorize o uso do recurso, que está muito escasso, para o que realmente é importante. Economizar água é regra nº 1 neste momento”, enfatizou a prefeita.

Olhando para o futuro

Entre as ações de curto prazo está em andamento o desassoreamento da lagoa do Centro de Lazer do Trabalhador (CLT), que visa retirar o máximo de material decantado; as interligações dos reservatórios do Imperial, Santo Antônio e São Bento do Recreio, que vão ajudar na pressurização da água aos bairros próximos; além da troca de mais de 10 mil metros de rede pública de água no Vila Santana e Jardim Pinheiros, que ajudarão a reduzir perdas no sistema de distribuição do recurso tratado e que estão na etapa de licitação.

A médio e longo prazos há projeto para desassoreamento da Barragem João Antunes dos Santos e a instalação da primeira etapa da 2ª linha da adutora do Rio Atibaia. Para essas obras são buscados recursos à viabilização. Além destas, ainda há projetos em desenvolvimento na autarquia e que objetivam o reflorestamento e a recuperação de mananciais. O DAEV também estuda novos barramentos, para aumentar a reservação de água na estrutura de seus mananciais internos.

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